Como foi o primeiro dia de greve dos médicos em Moçambique sobre as incongruências na implementação da TSU?

A greve dos médicos em Moçambique é também parte do filme “implementação da TSU” anunciado em meados de Dezembro de 2021, com estreia prevista para Junho de 2022, teve sua certeza de lançamento em Fevereiro de 2022, com o lançamento do principal instrumento orientador, a Lei nº 5/2022 de 14 de Fevereiro.
Para a decepção de muitos, o grande filme outrora previsto para Junho teve o seu primeiro adiamento para uma data a anunciar, após verificadas as primeiras inconformidades em Julho do mesmo ano.
Volvidos cerca de 4 meses, o Governo decidiu exibir o filme para um público restrito, isto é, para uma parte dos Funcionários e Agentes do estado, mas mesmo assim problemas técnicos de operacionalização da tabela salarial única (TSU) prevaleciam, mesmo com a aprovação de novos instrumentos orientadores, o que não foi bem recebido pela maioria das classes profissionais, dentre eles os médicos.
Insatisfeita com a situação, a classe médica, decidiu avançar com uma greve a partir de 7 de Novembro, a primeira greve dos médicos no espaço de nove anos. Mas após negociações com o executivo, a Associação Médica de Moçambique (AMM), optou por adiar o seu bloqueio para 5 de Dezembro, alegando pretender privilegiar a negociação com o governo.
Na última 6ª feira, 2 de Dezembro, a associação supracitada confirmou que iria avançar para a greve a partir do dia 5 de Dezembro e por um período de 21 dias prorrogáveis tal como prometera, acusando o executivo de não responder às suas reivindicações e de não respeitar compromissos já assumidos aquando dos encontros no começo do mês de Novembro.
Mas como foi o primeiro dia da greve?
Morosidade no atendimento e funcionamento de algumas unidades a meio gás foi o cenário que se verificou no primeiro dia da greve dos médicos em Moçambique. A Associação Médica de Moçambique não revela o nível de adesão e lamenta o facto de estarem a ser intimidados para não aderirem à paralisação.
Segundo a Associação Médica de Moçambique, das 14 questões que fazem parte do acordo com o governo, apenas 4 foram cumpridas e se assiste alguma regressão relativamente a outros pontos que já tinham sido previamente acordados.
O diálogo não tem sido suficientemente produtivo. Já tivemos até hoje 4 sessões importantes de diálogo e, nessas 4 sessões, o governo muda de interlocutor de sessão em sessão. Isso tem dificultado o próprio diálogo e, o caderno reivindicativo tem uma série de questões que já vêm desde os tempos em que foi aprovado o Estatuto dos Médicos. – desabafou um sindicalista.
Ademais, de acordo com Napoleão Viola, “o governo tem estado a suprimir 75% da remuneração dos médicos em horas extraordinárias. O governo não tem cumprido com um subsídio que é o subsídio de diuturnidade no que respeita à sua forma de cálculo”.